quinta-feira, 11 de março de 2010

O PASSADO E A MINHA MÃE!


O passado sempre retorna... mas não tem que te assombrar. Esta escolha é sua... assim como de qualquer ser livre...


As pessoas necessitam seguir em frente, e aí reside o grande drama do ser humano... Ele praticamente não consegue, tem que ficar preso ao passado porque é tudo o que ele conhece, ele teme largar e seguir em frente, porque não sabe o que virá na frente e o perigo e a dor podem ser bem mais insuportáveis do que as passadas... Talvez por isso, mulheres traídas que perderam a fé nos homens não consigam se entregar com liberdade e confiança a um novo amor, pois vivem de rememorar a dor passada... Por isso irmãos que estão brigados há anos não conseguem fazer as pazes, por isso casais divorciados há décadas continuam a se detestarem mutuamente e por isso muitas vezes nós... presos em nossas agonias antigas não consigamos esquecer e perdoar e seguirmos em frente... Aqueles sorrisos, esperanças, alegrias, abraços, promessas, lágrimas, gritos, frustrações, dores, ofensas, ameaças... fé... Passaram, mas como as vivemos em cada fração de segundo, as conhecemos, dominamos, sabemos o que delas esperar.... Mas o futuro... É apenas uma grande incógnita.
Por quê estou pensando nisso? Minha mãe... Ela acabou de me fazer pensar nisso... Todas as vezes que se irrita com algo, que discute conosco (Me refiro a mim e aos outros T(S) da casa!) tem que passar na nossa cara nossos erros para com ela, esclarecer que fez muitas escolhas que a frustraram para que hoje tenhamos o conforto e segurança que temos... E mais uma vez me convenço de que a minha mãe vive presa ao passado, se nega a seguir em frente e isso afeta a todos.
Sabe, minha mãe é uma mulher que quando criança eu sempre admirei e obedecia cegamente. Eu não fui dessas crianças desafiadoras, questionadoras, na verdade, fui uma menina doce, tinha algumas travessuras, afinal quem não tem, mas o máximo de rebeldia que eu demonstrava ter era tirar minhas meia-calças sem que ela visse, geralmente com o aval de vovó, porque elas pinicavam minha pele (Até hoje detesto meia-calça!) e três vezes fiz uma coisa errada, sabendo que era errado... Mas isso é uma outra história... O fato é que a admirava, achava linda e se você me perguntasse qual era a coisa ou a pessoa mais importante da minha vida... Eu sempre respondia sem pestanejar: Minha Mãe.
Eu sei que amei muito a minha avó e às vezes até chamava-a de mamãe, mas a minha mãe... Nossa, como eu a amei! Eu cresci vendo-a apenas como uma heroína, não me importava se ela me batia na frente de estranhos quando julgava que eu havia feito algo errado, se me obrigava a usar aquelas malditas meia-calças, se gritava comigo, falava palavrões, se dizia que a filha que mais amava na vida era a minha irmã adotiva, se batia em mim com colher de madeira na palma das mãos porque eu não conseguia decorar as siglas dos Estados (Algo que por sinal até hoje não sei direito!) para o trabalho da escola, se quebrou meus tamagoshis (Sabe aquele chaveirinho virtual onde você criava um animalzinho virtualmente?) com um martelo porque eu estava brigando com minha irmã caçula ou se atirava em mim a sandália havaiana porque quando estava sentada no telefone conferindo cheques e extratos eu a atrapalhava, me deitando na cama, empurrando devagarzinho os papéis do colo dela para colocar minha cabeça lá, para em seguida pegar a mão dela com a minha própria mão e passar na minha cabeça... Não importava. Naquela época tudo era simples. Eu era a filha. Ela era a mãe. Ela cuidava de mim e era a adulta. Eu então a amava.
Mas quando cresci... Por muito tempo permaneci presa neste tempo... Supondo que minha mãe estava certa sempre e que era a mais sábia das mulheres e que se fazia algo de que eu discordava é porque sabia o que estava fazendo e tinha sempre a melhor das intenções... Mas vocês já devem ter escutado aquele ditado que diz que de boas intenções o Inferno está mais do que cheio? Mas no próximo post eu continuo a falar disso... E de minha mãe. Pena que eu não posso mais ser criança... A questão é: eu realmente cresci?

Sorrisos e Abraços.
Até a próxima!
T2

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